terça-feira, 7 de julho de 2009

Os caminhos da devastação

Derrubada de árvores, fogo e construção de rodovias ameaçam o patrimônio natural da Amazônia. Estima-se que cerca de 12,5% de sua área original tenham sido devastados. Os dados, porém, não são precisos: a devastação é medida a partir de imagens de satélite de baixa resolução, que só acusam áreas onde houve corte total de árvores e não detectam o desmatamento seletivo ou a substituição da mata original por monoculturas. A destruição da floresta é a principal preocupação dos cientistas, que hoje buscam soluções para minimizar o estrago.

''Cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade muito grande, mais todos unidos vamos conseguir combater esse mal!"


Por trás de toda a devastação da Amazônia, está a derrubada de árvores, necessária para qualquer empreendimento - como a construção de cidades ou a atividade agropecuária, além das madeireiras que exploram árvores nobres. O desmatamento afeta diretamente o funcionamento do ecossistema da mata e o clima local e global. Além disso, "o desequilíbrio ecológico expõe o homem a doenças como a leishmaniose", segundo aponta o engenheiro agrônomo Luiz Antônio de Oliveira, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A construção de rodovias prejudica a floresta direta e indiretamente. Além do desmatamento inicial, ela facilita a ocupação humana desordenada e a derrubada indiscriminada de árvores. Nas margens das estradas, abrem-se ramificações rumo ao interior da mata. "Elas são como espinhelas de peixe", diz Aziz Ab’Sáber, geógrafo da Universidade de São Paulo (USP). "Nas rodovias, é comum encontrar caminhões encostados na beira da mata com toras de árvores de 200 anos."

O fogo é uma das principais conseqüências de intervenções predatórias na floresta. A derrubada de árvores gera material combustível e abre clareiras que facilitam a dispersão do fogo. Sempre houve queimadas na Amazônia, como atesta a camada de carvão encontrada em seu subsolo. Porém, a fragilização da mata devido a queimadas provocadas pelo homem e o desmatamento crescente aumentaram a freqüência do fogo acidental, o que cria um ciclo vicioso. "Em períodos de seca, qualquer raio gera fogo na Amazônia", diz o biofísico Antônio Paz de Carvalho, diretor-geral da Extracta Moléculas Naturais.

As queimadas atingem milhares de hectares na Amazônia todos os anos. Durante os incêndios, o fogo se alastra lentamente pela cobertura vegetal. Os danos nem sempre são visíveis nas cascas das árvores, mas o calor em seu interior pode levá-las à morte - como se estivessem ’cozinhando em fogo brando’.

Durante algum tempo, a exploração desmedida foi considerada legal e mesmo incentivada pelo governo. Era permitido, por exemplo, derrubar a mata e ’reflorestar’ com eucaliptos. "Essas árvores reduzem muito a biodiversidade, é como se fosse uma roça", explica Ângelo Machado, zoólogo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Hoje, há tentativas de recuperar a área devastada e a biodiversidade, como o projeto de corredores ecológicos para ligar reservas isoladas e permitir a circulação de animais. No entanto, o solo empobrecido pela devastação dificulta o restabelecimento da mata.








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